segunda-feira, 28 de março de 2011

Com a palavra, Roberta Sumar, a Geoprofessora

Temos a honra de apresentar a entrevista que realizamos com a professora Roberta Sumar, a idealizadora do Geoprofessora, um blog sobre práticas vinculadas ao ensino de geografia.  Sobre o blog, além dos expressivos números que indicam mais de 400 mil acessos, se evidenciam a qualidade e a seriedade. Sobre a professora, para além da competência e amor pelo que faz, sua atenção é digna de realce, afinal, ela nos atendeu pronta e gentilmente, via email. Acompanhe a entrevista abaixo:  

1) Conte-nos primeiramente, por favor, um pouco de sua trajetória na Geografia. 

Decidi fazer Geografia depois de me formar em técnica em edificações, fazer estágio no Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis – IPUF, no setor de Patrimônio Histórico, e conhecer os geógrafos que trabalham na parte de planejamento urbano. Formei-me em 2006 em licenciatura pela UDESC, Universidade do Estado de Santa Catarina, tenho Especialização em Gestão Educacional e Metodologia do Ensino Interdisciplinar pela UNIESC.  Leciono desde 2006, como professora na rede pública e privada da Grande Florianópolis em Santa Catarina. Os alunos são do ensino fundamental II e médio.

2) Como surgiu a ideia de criação do blog? Desde quando ele está no ar? Como é o funcionamento?

Tenho o blog desde 2007, mas a partir de 2008 que ele está “ativo”. Utilizo-o voltado principalmente à prática de ensino em Geografia, tanto para alunos, quanto para professores, e assuntos relacionados ao espaço geográfico. Gosto de divulgar práticas de ensino que realizei, entre outras informações geográficas. Além de complementar o estudo nas turmas em que estou lecionando.

3) O que mudou depois da criação? Quais são os principais efeitos e limitações que você observa?

Em relação aos alunos percebo que não estão acostumados a usarem internet ou páginas de relacionamento como meio de pesquisa e momento de estudo. Uma das propostas do blog é que eles tenham esse costume em casa, ao conferirem seu Orkut ou email, por exemplo, olhem as atualizações do meu blog. Outro efeito positivo é o fascínio dos alunos em ver os trabalhos feitos em sala publicados na internet, poder conferir o que as outras turmas estão estudando e fazendo, escrever no blog através de comentários as dúvidas ou outros pedidos. Limitações encontrei no arquivamento e publicação de arquivos, mas faço isso através do 4shared.

4) O que seus alunos acham do blog? Como se dá a interatividade?

Os alunos no geral gostam, claro que nem sempre todos têm acesso e tempo para acompanhar, diante da realidade deles (comparando os alunos regulares, nas escolas públicas nem todos tem computador e/ou internet, os da EJA que trabalham o dia inteiro e estudam a noite) há bastantes contrastes. Há alguns alunos mais espertinhos com as novas tecnologias que até criticam, comentam que o layout está desatualizado ou sugerem outras novas possibilidades com os blogs, mas aos poucos vou aprendendo.

5) Em sua opinião quais são as contribuições que a internet pode trazer para a educação? Quais são os desafios e/ou pontos negativos? Há alguma especificidade no que diz respeito à ciência geográfica?

Sobre a internet voltada à educação, sou a favor do livre pensamento e opinião, a internet tem espaço para as pessoas se expressarem e, por afinidade, formarem redes [opção de ‘seguidores’ nos blogs] de blogueiros. Em relação à pesquisa na internet destaco que as pessoas devem estar atentas às páginas e referências que estão utilizando, não se esquecendo de credibilizar os autores. Algo negativo que percebo é que nessas redes de blogueiros, outros professores que também possuem blogs, por falta de conteúdo ou criatividade, não sei, copiam ou divulgam material da minha página sem os devidos créditos. Isso me chateia, e sempre tento chamá-los atenção, ou pelo menos a devida consideração. Em relação aos alunos eles têm o fascínio pelo novo e o moderno, acho que a educação tem que utilizar dessas ferramentas a seu favor. Também percebo de negativo os alunos dispersos e ingênuos nas suas pesquisas na internet.

6) Para você qual é o porquê de se ensinar a Geografia?

A geografia tem a missão de fazer o aluno compreender o seu mundo e o seu papel neste, tornando-o um cidadão critico e participativo. Respondendo a questão anterior, diante das mudanças com os avanços tecnológicos, a expansão capitalista e o mundo globalizado em que vivemos, faz-se necessário que a geografia esteja inserida neste mundo ‘conectado’, analisando os reflexos disto na sociedade e na natureza, ou melhor, no próprio espaço geográfico.

7) De que forma você busca trabalhar as categorias geográficas em suas aulas?

Geralmente no início do ano letivo trabalho de forma mais conceitual as categorias, e ao longo do ano sempre vou pontuando a forma que esses conceitos aparecem nos textos.

8) Com base na sua experiência, quais sãos os principais desafios e dificuldades que um professor enfrenta?

Recentemente estava pensando sobre a realidade dos professores, e cheguei a uma possibilidade: se no ensino superior fosse cobrado como pré-requisito para ser professor a licenciatura e uma experiência docente no ensino regular, acho que ajudaria na formação profissional desses alunos, independentes se serão docentes ou não. Com certeza esses professores de ensino superior teriam uma visão diferente de mundo e que qualquer profissional precisa da escola e da qualidade de ensino (utópico né!?,  rsrs).

9) O que você tem a dizer a outros professores que planejam criar um blog?

Sempre incentivo aos meus colegas a fazerem blogs, hoje em dia se preciso algum material meu é mais fácil encontrá-lo no meu blog do que no meu computador. O blog serve de estímulo e organização do professor e até eleva a qualidade de suas propostas pedagógicas. Sem falar que é um ótimo treino para a escrita e consequente publicação. E também trabalha a auto-estima do professor, reconhecimento por parte de outros colegas, do mundo e de outras pessoas elogiando o seu trabalho, isso é muito bom.

10) Poderia deixar um recado para os bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) que se preparam para, em breve, exercer a docência?  

O que poderia dizer... que aproveitem ao máximo a vida de bolsista, tenho muita saudade desse período. Aproveitem ao máximo esse período para experimentar estratégias de aulas novas, diferentes e ousadas, pois no cotidiano escolar não sobra muito tempo para planejamento e práticas diferenciadas. Para o exercício da docência além de técnicas e ferramentas, é fundamental o conteúdo, ensinar conceitos e depois aplicá-los na realidade dos alunos, a geografia nos permite e exige isso. E acho também que nossos alunos cada vez mais precisam de bons exemplos, aulas bem preparas, afinal, acabou ficando para o professor também ensinar valores e boas condutas!

Professora Roberta Sumar, muito obrigado pela atenção e pelos exemplos!

Acesse o blog dela por aqui.
Boa Navegação!

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